Fiocruz lança alerta sobre praga do caramujo africano

Publicada em: 18/01/2011

Praga do caramujo

O caramujo africano (Achatina fulica) foi introduzido no Brasil na década de 1980, na busca de uma alternativa mais barata ao escargot.

Depois do fracasso comercial, o molusco se transformou em uma praga. O caramujo africano é dotado de alta capacidade de reprodução e hoje se disseminou em 24 dos 26 estados brasileiros.

Os impactos para a biodiversidade são evidentes, mas os riscos à saúde pública também preocupam. A prevenção no contato com o animal e o controle das populações do caramujo são fundamentais.

Sem inimigos naturais

"Nos ambientes urbanos as populações desses moluscos são densas, invadem e destroem hortas e jardins. Como são formadas por animais de grande porte, com 10cm em média, causam transtornos às comunidades das áreas afetadas", esclarece a pesquisadora Silvana Thiengo, responsável pelo Laboratório de Referência Nacional em Malacologia Médica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Segundo a especialista, um exemplar do molusco pode colocar uma média de 200 ovos por postura e se reproduzir mais de uma vez ao ano.

"As numerosas populações do molusco no Brasil devem-se principalmente ao seu grande potencial biótico e à ausência de patógenos específicos. Apesar de serem herbívoros, são muito vorazes e pouco exigentes para se alimentar, comendo praticamente de tudo", explica.

Na África, local de origem do caramujo gigante, o ambiente conta com patógenos, como bactérias, fungos e parasitos, que realizam o controle natural dessa população.

No Brasil, os estudos ecológicos sobre a espécie ainda são incipientes e as perspectivas para que ocorra um controle natural são baseadas em experiências de outros países, como os Estados Unidos.

"No Havaí, a grande expansão do caramujo africano ocorreu poucos anos depois de sua introdução, na década de 30. Hoje, já não existem exemplares grandes como os encontrados aqui e a população diminuiu bastante. Esperamos que o mesmo aconteça no Brasil", declara Silvana. "Mas o fundamental, sem dúvida, é promovermos o controle com a participação da população através da catação e da eliminação dos exemplares, seguindo as recomendações de segurança".

Doenças transmitidas pelo caramujo

Quando infectado por parasitos, o caramujo africano pode transmitir dois tipos de doenças.

A meningite eosinofílica é a única que teve casos registrados no país. Ela é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis, que passa pelo sistema nervoso central, antes de se alojar nos pulmões, num ciclo de transmissão que envolve moluscos e roedores.

Já a angiostrangilíase abdominal, que ocorre no país, porém sem registro de transmissão pelo caramujo africano, é causada pelo parasito Angiostrongylus costaricensis.

Muitas vezes é assintomática e em alguns casos pode levar ao óbito, por perfuração intestinal e peritonite.

Catação manual é a melhor medida de controle

Em função da alta toxicidade dos produtos químicos, a pesquisadora não recomenda o uso de pesticidas para controlar a proliferação do caramujo africano.

No caso de serem usados devem ser aplicados pelo órgão governamental responsável, como secretarias de Saúde, de Ambiente, ou de Agricultura. Silvana reforça que a catação é a forma mais eficaz de controle.

"A melhor opção é a catação manual dos caramujos e de seus ovos que são esféricos, amarelados e ficam semi-enterrados, sempre com as mãos protegidas com luvas ou sacos plásticos. Este procedimento pode ser realizado nas primeiras horas da manhã ou à noitinha, horários em que os caramujos estão mais ativos e é possível coletar a maior quantidade de exemplares. Durante o dia, eles se escondem para se proteger do sol," explica Silvana.

Caramujo brasileiro e caramujo africano

Com características semelhantes às do caramujo africano, moluscos nativos Megalobulimus spp., conhecidos popularmente como caramujo-da-boca-rosada ou aruá-do-mato, são costumeiramente confundidos com a espécie invasora.

Silvana Thiengo explica que, diferentemente do molusco africano, a espécie brasileira se reproduz menos, colocando em média apenas dois ovos em cada ciclo reprodutivo.

"Megalobulimus ssp. são espécies da nossa fauna e se parece com o Achatina fulica por seu tamanho. Como se reproduz pouco, é importante saber identificar a diferença entre os dois para que as espécies brasileiras não sejam prejudicadas nas ações de controle que são direcionadas ao caramujo invasor", observa.

A principal diferença entre essas espécies está na concha. "A concha do caramujo africano tem mais giros e é mais alongada. Já o molusco nativo é mais bojudo, gordo, tem menos giros e sua abertura é espessa, não cortante", esclarece Silvana.

Como eliminar os caramujos gigantes

Fonte: Diário da Saúde

 

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